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sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

REGRESSO A LISBOA

Finalmente o momento para voltar ao universo “Terra da Luz”.
Vinha esperando a altura ideal, não só porque havia outras coisas a contar, mas também porque às vezes é preciso… saber esperar. E eu sei ser paciente.
Nada melhor do que fazê-lo agora, com algo para vos oferecer, convidando-vos ao reencontro, para que este faça sentido.

E esse encontro já tem data marcada: Teatro da Trindade, 28 de fevereiro de 2014!
Depois de Itália, depois da divina cidade de Braga, depois de quase 20 anos numa vida extraordinária, exigente e maravilhosa, sendo 15 deles dedicados a revelar a minha visão do meu e do vosso mundo em 7 discos e no seguimento de infinitos dias dedicados à Música e à Arte.
E a sensação de ser como o primeiro.

Como se me revelasse de novo. Como se nascesse de novo, porque na vida acontecem-nos momentos assim.
Começo a olhar em volta e a sentir a transformação em tudo e enquanto me reconheço quase me desconheço. Porque se sinto o regresso a uma sala que adoro, conheço e onde já partilhei tantos momentos e se recordo este percurso tão rico e intenso que tenho vivido, a par com essas sensações que vêm da experiência, sinto também o regresso a um estado primário de quase inconsciência, ou algo próximo da inocência. Como se depois de tanto anos de vivências e consequentes reflexões, recordações e etc, chegasse aquele estado ideal do “só sei que nada sei”. Grande “poeta”, este Sócrates. O filósofo, entendamos...

E nesse “simplificar” há algo maior a ocupar o Ser. Não se perde tempo em reflexões excessivas. Não nos derretemos em opiniões, pareceres e intervenções. Não nos distraímos com os atalhos nem com os “cantos das sereias”, porque o sentido de caminho está tão presente que os desvios são suaves interferências, sem força para serem mais do que isso. E o Ser absorve intuitivamente o que realmente lhe faz falta para logo a seguir cumprir a sua Missão.
Somos o que somos. E é urgente Ser-se, simplesmente.

Perguntam-me muito se este álbum é um firmar de maturidade artística e, quem sabe, ao lerem este texto entendam que não é mais do que um regresso à essência que se rebelou por entre espartilhos e definições e precisou sair e revelar-se. Para mim, esta “Terra da Luz” é apenas um regresso ao meu estado natural: o Ser. Ou pelo menos a melhor aproximação, se considerarmos que é “filho” de muita gente e a confirmação por excelência que não somos ilhas isoladas. Mas é a soma do Ser que todos trazem à construção de algo que lhe dá dimensão. E, claro, quanto mais sinceros com a nossa verdade, mais verdadeiro o que criamos. E porque não somos estanques, no fundo, tudo não passa de um perpétuo movimento do qual vamos deixando alguns registos, mas sempre em transformação e, oxalá, evolução.

Se “Foi Deus, fui eu ou foi por sina minha” (excerto de À ESPERA DE UM DEUS) continuo sem saber. Será certamente a mistura dessas forças e é essa mistura também que vos conto partilhar este dia 28, na Trindade. Mas mais importante do que celebrar um álbum, ou dinamizar uma carreira o que realmente me entusiasma neste encontro é poder estar com vocês. Os que ao longo destes anos me têm acompanhado, questionado, cuidado, descoberto e enquanto me foram conhecendo também me foram definindo enquanto pessoa.

No fim das contas são vocês que dão razão de ser a esta escolha que tanto tempo e disponibilidade me tem cobrado, até do convívio real com todos.
Vocês, Público.
Vocês, Amigos.
Vocês, Família.

No final deste ano teremos tempo para celebrar o percurso que tenho feito, em 15 anos de discos e canções.
Agora, o que quero mesmo, mesmo, é a abraçar-vos com as minhas canções e ter o vosso colo por um par de horas. Porque tenho saudades


(photo by Marjon Buurema)




2 comentários:

  1. Finalmente o regresso ao genuíno "SER" que conhecemos de Mafalda Arnauth. Neste texto é revelada a sua transparência em profundas considerações visando o regresso à sua essência, onde o seu percurso artístico lhe fez sentir-se germinando nas raízes que criou e geriu na peculiaridade das suas obras.
    Vamos sentir novamente de perto, mais próximo, o que jamais se afastou de nós, a pureza e ternura de Mafalda, esse Ser que presta a quem a conhece um digno exemplo na música, na poesia, na voz, na pessoa. Parabéns Mafalda, lá estaremos no evento.

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    1. Introduzido o meu comentário. Saudações e afectos.
      Vitor Palmeiro.

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