Vinha esperando a altura ideal, não só porque havia outras
coisas a contar, mas também porque às vezes é preciso… saber esperar. E eu sei ser paciente.
Nada melhor do que fazê-lo agora, com algo para vos
oferecer, convidando-vos ao reencontro, para que este faça sentido.
E esse encontro já tem data marcada: Teatro da Trindade, 28
de fevereiro de 2014!
Depois de Itália, depois da divina cidade de Braga, depois
de quase 20 anos numa vida extraordinária, exigente e maravilhosa, sendo 15
deles dedicados a revelar a minha visão do meu e do vosso mundo em 7 discos e no seguimento de infinitos dias dedicados à Música e à Arte.
E a sensação de ser como o primeiro.
Como se me revelasse de novo. Como se nascesse de novo,
porque na vida acontecem-nos momentos assim.
Começo a olhar em volta e a sentir a transformação em tudo e
enquanto me reconheço quase me desconheço. Porque se sinto o regresso a uma
sala que adoro, conheço e onde já partilhei tantos momentos e se recordo este
percurso tão rico e intenso que tenho vivido, a par com essas sensações que vêm
da experiência, sinto também o regresso a um estado primário de quase
inconsciência, ou algo próximo da inocência. Como se depois de tanto anos de
vivências e consequentes reflexões, recordações e etc, chegasse aquele estado
ideal do “só sei que nada sei”. Grande “poeta”, este Sócrates. O filósofo,
entendamos...
E nesse “simplificar” há algo maior a ocupar o Ser. Não se
perde tempo em reflexões excessivas. Não nos derretemos em opiniões, pareceres
e intervenções. Não nos distraímos com os atalhos nem com os “cantos das
sereias”, porque o sentido de caminho está tão presente que os desvios são
suaves interferências, sem força para serem mais do que isso. E o Ser absorve
intuitivamente o que realmente lhe faz falta para logo a seguir cumprir a sua Missão.
Somos o que somos. E é urgente Ser-se, simplesmente.
Perguntam-me muito se este álbum é um firmar de maturidade
artística e, quem sabe, ao lerem este texto entendam que não é mais do que um
regresso à essência que se rebelou por entre espartilhos e definições e
precisou sair e revelar-se. Para mim, esta “Terra da Luz” é apenas um regresso
ao meu estado natural: o Ser. Ou pelo menos a melhor aproximação, se
considerarmos que é “filho” de muita gente e a confirmação por excelência que
não somos ilhas isoladas. Mas é a soma do Ser que todos trazem à construção de
algo que lhe dá dimensão. E, claro, quanto mais sinceros com a nossa verdade,
mais verdadeiro o que criamos. E porque não somos estanques, no fundo, tudo não passa de um perpétuo movimento do qual vamos deixando alguns registos, mas sempre em transformação e, oxalá, evolução.
Se “Foi Deus, fui eu ou foi por sina minha” (excerto de À
ESPERA DE UM DEUS) continuo sem saber. Será certamente a mistura dessas forças
e é essa mistura também que vos conto partilhar este dia 28, na Trindade. Mas
mais importante do que celebrar um álbum, ou dinamizar uma carreira o que
realmente me entusiasma neste encontro é poder estar com vocês. Os que ao longo
destes anos me têm acompanhado, questionado, cuidado, descoberto e enquanto me foram
conhecendo também me foram definindo enquanto pessoa.
No fim das contas são vocês que dão razão de ser a esta
escolha que tanto tempo e disponibilidade me tem cobrado, até do convívio real
com todos.
Vocês, Público.
Vocês, Amigos.
Vocês, Família.
No final deste ano teremos tempo para celebrar o percurso
que tenho feito, em 15 anos de discos e canções.
Agora, o que quero mesmo, mesmo, é a abraçar-vos com as
minhas canções e ter o vosso colo por um par de horas. Porque tenho saudades …
(photo by Marjon Buurema)
Finalmente o regresso ao genuíno "SER" que conhecemos de Mafalda Arnauth. Neste texto é revelada a sua transparência em profundas considerações visando o regresso à sua essência, onde o seu percurso artístico lhe fez sentir-se germinando nas raízes que criou e geriu na peculiaridade das suas obras.
ResponderEliminarVamos sentir novamente de perto, mais próximo, o que jamais se afastou de nós, a pureza e ternura de Mafalda, esse Ser que presta a quem a conhece um digno exemplo na música, na poesia, na voz, na pessoa. Parabéns Mafalda, lá estaremos no evento.
Introduzido o meu comentário. Saudações e afectos.
EliminarVitor Palmeiro.