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segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

HISTÓRIAS POR CONTAR I

Enquanto sentia o bichinho nascer para este tema, ocorria-me que talvez fosse ideal fazer um post sobre o momento actual, TERRA DA LUZ, mas eu “ando sempre ao contrário”, mesmo, e neste trilho actual surgem-me sempre momentos, pessoas, recordações que afinal não são mais do que o caminho até este novo disco. Lá iremos, a devido tempo...

Hoje, enquanto postava esta foto na capa do Face, percebi inúmeros momentos que escaparam de forma mais profunda a quem me tem acompanhada ao longo dos anos. Para muitos não será o detalhe absoluto que faz falta, mas sim a dimensão geral de que algo especial acontece quando fazemos o check-in no aeroporto da Portela... E assim é, além de que seria verdadeiramente impossível contar tudoJ

Assim, de vez em quando, trago-vos pedacinhos que sejam o reflexo daquele fado que diz “por saudade ou por memória, eu só sei contar a história da falta que tu me fazes”.
E aqui são muitas faltas... A primeira, é a falta de um tempo em que lançar um disco tinha uma dimensão ainda significativa, expressiva e, no caso, teve honras de estreia numa tournée pelo México: FLOR DE FADO!!!
Incríveis lugares, incríveis salas, incrível atmosfera de um Festival (Cervantino), incrível gastronomia e dignificante estreia para um dos álbuns que me desperta mais carinho.

Terá sido das viagens com mais oportunidade de disfrute, se é que alguém duvida que um resort (Mazatlán, seria?!) no Pacifico é algo menos do que um lugar onde nos perdermos entre  un copito y un nacho, ou un taco relleno, na espreguiçadeira do hotel, com mar a perder de vista e músicos a porem à prova os seguros de vida em motos de água e brincadeiras de criança... com ondas de 20cm acima do joelho vi proezas ao nível do Macnamara!

Ou o inesquecível pequeno almoço acompanhado de um pianista (!) zombie numa versão Hotel Califórnia Mexicana, que viria talvez fechar a noite, depois de algum bar onde se havia apresentado e agonizada pelas 9 da manhã temperando panquecas e sumos de fruta com sofridos covers e desafinado piano... e à medida que chegavam os convidados do hotel tudo se assemelhava a um lugar fantasmagórico perdido no tempo, onde a qualquer momento nos viriam pedir as cabeças para pagar a conta do hotelJ

E que dizer de uma nova versão que inventei da Tinta verde, onde por uma vez na vida bloqueei na letra, que me bloqueou na música e entrei em loop lá para o “amores tenho eu aos molhos...” e, de olhos esbugalhados suplicava aos infelizes músicos que dessem uma palmada nas costa a ver se passava... Meus Deus, que sufoco, nem andar para a frente, nem sair dali, como quem morde uma música e não larga. Parece que ainda os vejo a olhar para mim com a expressão de viva de “que é?! Que é?! QUERES QUE FAÇA O QUÊ?!?!”.

A estreia no Teatro Juarez, de uma beleza estonteante, ditou a grandeza dos dias que vivemos por essa altura. Um grupo de músicos profundamente familiarizado e cúmplices até ao osso (Paulo Parreira, Luís Pontes e Ramón Maschio), na música e na amizade, só podiam acrescentar a humanidade que tanto me vicia nesta vida, artística e não só. Entre risos, palhaçada, ensaios, confidências, aproximava-se também um tempo de mudança com a saída próxima do Paulo Parreira do projecto e essa partida parecia elevar todo o estado vigente a um nível de urgência, de presença total, de entrega, que nos trazia a todos elétricos e unidos.

E talvez a melhor memória da viagem seja precisamente a do ultimo concerto, onde, como vinha sendo hábito para qualquer músico que seguisse caminho, decidi dedicar os “Meus lindos olhos” em forma de bênção e celebração ao Paulo e percebo que toda a sala se deixa envolver numa comoção profunda... A meio do tema percebi também que menos não podia acontecer quando vejo os “meus rapazes” cederem a essa emoção da saudade que se adivinha, do desconhecido que se antecipa e da mudança que nos perturba tantas vezes. 

Como consegui terminar de cantar o tema? Não sei... Também não importava pois esses momentos percebem-se com os olhos e ouvidos da Alma e os sentidos são outros. Mas quando vemos o publico descer até à beira do palco para se sentir mais próximos de nós e aí permanecer até ao fim, braços em cima do palco, lágrimas, mãos estendidas e carinho, carinho, a transbordar em forma de um consolo maternal que certos povos têm intrinsecamente, sabemos que a nossa família se alargou por instante e que noutro continente, do outro lado do Atlântico fomos embalados no colo de desconhecidos que provavelmente nunca mais nos esquecerão.

Como também não nos esqueceremos mais do dia em que o Amor transbordou no palco.

2 comentários:

  1. Onde mora a vida, perguntar ao vento, perguntar ao tempo, perguntar aos sentidos, na primavera mora a vida, nos espaços da chuva mora a saudade, na historia vive o acontecimento, no acontecimento se prenuncia a luz das estrelas, no caminho da vida mora os sentidos da saudade, no encontro entre a vivencia a saudade vive a intenção, no percurso da vida usamos o tempo, ou o tempo nos usa, nesta floresta de procuras procuramos o desconhecido, voar dos silêncios das asas da procura da liberdade, voar no encontro com o destino da procura do humano novo, pensei em escrever o que a alma dita por a consciência a motivação da liberdade do pensamento, respirando o ar em que a humanidade polui, poluindo a essência da verdade da vida PENSEI ESCREVI A LIBERDADE DO PENSAMENTO ESCREVI VOCE APAGA Carlos

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