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sábado, 18 de janeiro de 2014

POR FAVOR, MENINA…

Uma pequena partilha do quotidiano de uma artista nem sempre no seu melhor...
Ou pelo menos no melhor que dela esperam:-)

Pela manhã fui até ao supermercado pertinho de casa que finalmente se deixou levar por estas coisas de uma alimentação alternativa e têm um pão de centeio que supera muita serradura que por aí tenho encontrado.
Entrando no melhor astral (não é só fazer posts sobre boa disposição, há que honrar os escritos...), pela zona das frutas cruzo-me com uma simpática vizinha, que me devolve o cumprimento que lhe dou e não evita uma fracção de segundos de espanto... E susto.

Suavemente, aproxima-se e baixando o tom, que os dióspiros podem contar ao cliente que se segue o sussurro que me está reservado, diz-me com seriedade: “Sabe, menina?!...?”. Ui, começo a percorrer mentalmente que terei deixado cair da varanda, ou que gata tossiu prédio abaixo, ou quantas mensalidades de condomínio estou a  dever... Quando ela, prossegue em sussurrado choque: “Não se penteou!!!”.
...
Pior a emenda que a falta de escova. Em vez de mostrar surpresa, mostrei alívio e disse que era uma versão selvagem... e com a incompreensão estampada no rosto, lá a deixei a escolher kiwis, seguramente mais penteados que eu, enquanto seguia dividida entre o riso e a duvida de quantas vezes mais seria abordada. Felizmente os “super” de bairro ainda têm essa maravilha de se limitarem a poucos corredores, terem saídas de emergência acessíveis e por sorte, a menina da charcutaria estava surpreendentemente calada, hoje.

Paguei o delicioso pão e requeijão do pequeno almoço, sai e fiz em passo leve os 50 metros até casa e não sei por que motivo, enquanto aquecia a água na chaleira para o café dei por mim a passar, ao de leve, a mão livre pelo glúteo direito, recém-acordado. E onde com o passar dos anos se escreve um blog invisível sobre como acordar com dores nas costas e arredores e superar. E neste gentil e intimo gesto apenas testemunhado pelas gatas, descubro um buraco nos leggings que vestia. Um furo. Um furinho, vá, mas que passeou pelo super do bairro e seguramente fez com a que insistência da querida vizinha sobre o estado do meu cabelo rapidamente passasse para a mudez total...

Sem contar que paguei as compras à sua frente, declarando, portanto, vergonha total. E relevando uma visível juba indomável como o menor dos meus desacatos ao público.

Compromisso de um sábado de manhã?
Assumo ser tão real como os outros, no que toca a fazer compras, deitar o lixo fora, buzinar quando me bloqueiam o carro, ir ao café com naturalidade, mas pelos próximos fim-de-semana (de semana todos somos trabalhadores e em pé de igualdade!!!) prometo o melhor collant vestido, pontuado com o sapato mais bem engraxado, e embrulhado num simpático vestido, camisinha engomada e simples e elegante blazer.
E em caso de emergência, um gorro a encimar um sobretudo de lã de merino da mais alta fineza.
Beeeeeeem longo.


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