Uma pequena partilha do quotidiano de uma artista nem sempre
no seu melhor...
Ou pelo menos no melhor que dela esperam:-)
Pela manhã fui até ao supermercado pertinho de casa que
finalmente se deixou levar por estas coisas de uma alimentação alternativa e
têm um pão de centeio que supera muita serradura que por aí tenho encontrado.
Entrando no melhor astral (não é só fazer posts sobre boa
disposição, há que honrar os escritos...), pela zona das frutas cruzo-me com
uma simpática vizinha, que me devolve o cumprimento que lhe dou e não evita uma
fracção de segundos de espanto... E susto.
Suavemente, aproxima-se e baixando o tom, que os dióspiros
podem contar ao cliente que se segue o sussurro que me está reservado, diz-me
com seriedade: “Sabe, menina?!...?”. Ui, começo a percorrer mentalmente que
terei deixado cair da varanda, ou que gata tossiu prédio abaixo, ou quantas
mensalidades de condomínio estou a
dever... Quando ela, prossegue em sussurrado choque: “Não se
penteou!!!”.
...
Pior a emenda que a falta de escova. Em vez de mostrar
surpresa, mostrei alívio e disse que era uma versão selvagem... e com a
incompreensão estampada no rosto, lá a deixei a escolher kiwis, seguramente
mais penteados que eu, enquanto seguia dividida entre o riso e a duvida de
quantas vezes mais seria abordada. Felizmente os “super” de bairro ainda têm
essa maravilha de se limitarem a poucos corredores, terem saídas de emergência
acessíveis e por sorte, a menina da charcutaria estava surpreendentemente calada,
hoje.
Paguei o delicioso pão e requeijão do pequeno almoço, sai e
fiz em passo leve os 50 metros até casa e não sei por que motivo, enquanto
aquecia a água na chaleira para o café dei por mim a passar, ao de leve, a mão
livre pelo glúteo direito, recém-acordado. E onde com o passar dos anos se
escreve um blog invisível sobre como acordar com dores nas costas e arredores e
superar. E neste gentil e intimo gesto apenas testemunhado pelas gatas,
descubro um buraco nos leggings que vestia. Um furo. Um furinho, vá, mas que
passeou pelo super do bairro e seguramente fez com a que insistência da querida
vizinha sobre o estado do meu cabelo rapidamente passasse para a mudez total...
Sem contar que paguei as compras à sua frente, declarando,
portanto, vergonha total. E relevando uma visível juba indomável como o menor
dos meus desacatos ao público.
Compromisso de um sábado de manhã?
Assumo ser tão real como os outros, no que toca a fazer
compras, deitar o lixo fora, buzinar quando me bloqueiam o carro, ir ao café
com naturalidade, mas pelos próximos fim-de-semana (de semana todos somos
trabalhadores e em pé de igualdade!!!) prometo o melhor collant vestido,
pontuado com o sapato mais bem engraxado, e embrulhado num simpático vestido,
camisinha engomada e simples e elegante blazer.
E em caso de emergência, um gorro a encimar um sobretudo de
lã de merino da mais alta fineza.
Beeeeeeem longo.
:-D
ResponderEliminarHá dias assim!...
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