Quem disser que nunca sentiu falta de um refúgio,
corre sérios riscos de se sujeitar à minha manifesta dúvida. Mesmo aqueles que me dizem não saberem viver sem
animação à volta, sem urbanidade, sem os vícios caseiros que vamos criando nos
nossos ninhos, desde a prateleira com que tendemos a chocar apesar da
convivência diária, ou os cadeirões deformados pelas horas de poiso fiel de fim
do dia…
Duvido e atrevo-me a questionar, porque salvo raras
excepções de seres iluminados que vejo viajarem para o seu refúgio interior com
o toque de uma varinha de condão invisível, quase todos os outros seres, comuns
mortais como eu, acabam a suspirar por um lugar de "fuga", que lhes traga, no entanto, a familiaridade de um mundo próximo, onde se
sintam aconchegados.
Acolhidos.
Reconhecidos.
Um lugar que precisamos saber que existe, para quebrar a rotina e sobretudo para
aqueles momentos em que o nosso ninho habitual está tão impregnado da nossa
vida diária, que esta se colou à pele, aos cabelos, circula pelo ar e pelas
veias e não há espirro, banho, limpeza que tire. Às vezes, a vida é muito
“cola”...
E é bom saber que existe um lugar assim.
Eu sei.
Há muitos anos que viajo para lá. Em momentos
diversos e em estados diversos de “vida-cola”. Uns assemelham-se a um “post-it”
ligeiro colado à camisa, que qualquer rabanada de vento arranca, outros com
aquelas “colas” peçonhentas que nem bom diluente dá conta.
Mas assim que chego a este lugar, percebo-me numa
espécie de mudança de pele (tipo cobrinhaJ), que
deixo à porta porque simplesmente é ali que me reciclo e limpo qualquer
aderência mais teimosa do dia-a-dia.
A “Mãe” deste lugar, é absolutamente digna desse
nome, porque ao fim de anos de luta, entrega, luta, desafios, luta, esperança e
finalmente luta, luta, luta assisto à sua permanência num lugar porque a sua
missão Mater é infinita. Perante este cenário de resistência a tempos
adversos usa como auxiliares bélicos (sim, é uma verdadeira batalha, aquilo a
que está sujeita!) o maior dos sorrisos e uma boa disposição inquebrável.
Poderiam pensar que o refúgio de que vos falo é o
Refúgio da Vila, lugar mágico em Portel. Mas o refúgio de que vos falo é mesmo
o do sorriso da Sofia Vieira, a Alma que adora acolher, receber, cuidar, mimar
e que aceita uma estrutura gigante que quase a engole mas não a derruba. Nem nós
o permitimos. Esta Mãe é à prova de tsunami… E o refúgio da Vila é maravilhoso,
mas só porque é a casa que ela prepara para nós, com qualidade, elegância e muito Amor.
Este fim-de-semana serviu de “viragem” para um
período difícil em que o sonho de manter este lugar pareceu ameaçado.
Celebrou-se a abertura de um tempo de confiança reforçada, de entrega afinada e
de incondicional compromisso. A festa que apreciei este sábado, faz-me acreditar
que voltámos aos tempos de um movimento colectivo de apoio face ás adversidades
e sobretudo
Pro-pessoas-inspiradoramente-carismáticas-respeitadas-e-reconhecidamente-generosas.
E queridas, como é a Sofia.
Convidou um grupo para este fim-de-semana com o fim
de promover o espaço e reacender a chama, mas graças ao envolvimento de
diversos produtores da área, a festa tomou dimensões de repasto abundante de
produtos da maior qualidade (que país divino temos!!!) e dessa Alquimia, das
pessoas que se juntam em nome de algo ou alguém em que acreditam, a noite
cresceu de Feliz a Mágica, de Mágica a Plena e de Plena a um firmamento
repleto de Estrelas que auspiciam um futuro lindo para este refúgio e sobretudo
para quem se deixar tentar a ir conhecê-lo. O “firmamento estrelado” é mesmo
literal pois havia um telescópio, no fim da noite para quem se quisesse
deslumbrar com o céu do AlentejoJ
Como o céu de ontem, todos os presentes se abriram,
ao longo destes dias, a desfrutar pessoalmente da Magia da nossa hospitalidade
portuguesa. Eu sou suspeita, claro, porque o colo dos nossos amigos é sempre o
melhor do mundo...
Mas entre as aulas de culinária divertidíssimas, os
passeios de barco no Alqueva, a visita ao Bolota, museu temático de Portel, a
ronha de um Domingo de manhã em frente à lareira, o som das crianças com espaço
para correr e gritar sem se temer nenhum lunático que acelera nas curvas, nos
momentos em que espreitei o Castelo de Portel, lá do alto, parecia-me ver os
nossos régios antepassados cobiçarem a feliz e acolhedora tranquilidade deste
refúgio e do abundante mundo que por ali vêm fervilhar...
A mim viram-me, seguramente muito Feliz...
Obrigada, Sofia Vieira, “mãe” do refúgio de todos
nós.
Não tarda batem-te à porta novos amigos...
Minha querida, obrigada! Obrigada por seres quem és e como és! grandes lentes de aumentar tu tens! obrigada pela tua presença e pelo teu gesto tão bonito de uma acção de graças tão especial. Que Deus te abençoe com a graça dos bichinhos de conta, que pequenitos, têm uma agilidade que os protege dos maiores e mais feios gigantes; te abençoe com a força dos rebentos de mimosa que já perfumam o ar e dão colorido à paisagem para que teu perfume de Fada seja sempre mais forte e sobressaia em todos os cenários. E que o céu tenha muitas abertas para ti, para termos o privilégio de te ver brilhar!!!
ResponderEliminarEste belíssimo texto demonstra quão belo é o Verdadeiro e o Genuíno que enche as nossas vidas e deixa quentinhos os nossos corações: Amigos e um Refúgio de todos nós em Portel - no nosso Alentejo repleto de estrelas, sendo a sua "Mater", a Alma deste acolhedor Hotel Rural de grande qualidade.
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