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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

O REFÚGIO DE TODOS NÓS

Quem disser que nunca sentiu falta de um refúgio, corre sérios riscos de se sujeitar à minha manifesta dúvida. Mesmo aqueles que me dizem não saberem viver sem animação à volta, sem urbanidade, sem os vícios caseiros que vamos criando nos nossos ninhos, desde a prateleira com que tendemos a chocar apesar da convivência diária, ou os cadeirões deformados pelas horas de poiso fiel de fim do dia…

Duvido e atrevo-me a questionar, porque salvo raras excepções de seres iluminados que vejo viajarem para o seu refúgio interior com o toque de uma varinha de condão invisível, quase todos os outros seres, comuns mortais como eu, acabam a suspirar por um lugar de "fuga", que lhes traga, no entanto, a familiaridade de um mundo próximo, onde se sintam aconchegados. 
Acolhidos. 
Reconhecidos. 
Um lugar que precisamos saber que existe, para quebrar a rotina e sobretudo para aqueles momentos em que  o nosso ninho habitual está tão impregnado da nossa vida diária, que esta se colou à pele, aos cabelos, circula pelo ar e pelas veias e não há espirro, banho, limpeza que tire. Às vezes, a vida é muito “cola”...

E é bom saber que existe um lugar assim.
Eu sei.

Há muitos anos que viajo para lá. Em momentos diversos e em estados diversos de “vida-cola”. Uns assemelham-se a um “post-it” ligeiro colado à camisa, que qualquer rabanada de vento arranca, outros com aquelas “colas” peçonhentas que nem bom diluente dá conta.
Mas assim que chego a este lugar, percebo-me numa espécie de mudança de pele (tipo cobrinhaJ), que deixo à porta porque simplesmente é ali que me reciclo e limpo qualquer aderência mais teimosa do dia-a-dia.

A “Mãe” deste lugar, é absolutamente digna desse nome, porque ao fim de anos de luta, entrega, luta, desafios, luta, esperança e finalmente luta, luta, luta assisto à sua permanência num lugar porque a sua missão Mater é infinita. Perante este cenário de resistência a tempos adversos usa como auxiliares bélicos (sim, é uma verdadeira batalha, aquilo a que está sujeita!) o maior dos sorrisos e uma boa disposição inquebrável.

Poderiam pensar que o refúgio de que vos falo é o Refúgio da Vila, lugar mágico em Portel. Mas o refúgio de que vos falo é mesmo o do sorriso da Sofia Vieira, a Alma que adora acolher, receber, cuidar, mimar e que aceita uma estrutura gigante que quase a engole mas não a derruba. Nem nós o permitimos. Esta Mãe é à prova de tsunami… E o refúgio da Vila é maravilhoso, mas só porque é a casa que ela prepara para nós, com qualidade, elegância e muito Amor.

Este fim-de-semana serviu de “viragem” para um período difícil em que o sonho de manter este lugar pareceu ameaçado. Celebrou-se a abertura de um tempo de confiança reforçada, de entrega afinada e de incondicional compromisso. A festa que apreciei este sábado, faz-me acreditar que voltámos aos tempos de um movimento colectivo de apoio face ás adversidades e sobretudo Pro-pessoas-inspiradoramente-carismáticas-respeitadas-e-reconhecidamente-generosas. E queridas, como é a Sofia.

Convidou um grupo para este fim-de-semana com o fim de promover o espaço e reacender a chama, mas graças ao envolvimento de diversos produtores da área, a festa tomou dimensões de repasto abundante de produtos da maior qualidade (que país divino temos!!!) e dessa Alquimia, das pessoas que se juntam em nome de algo ou alguém em que acreditam, a noite cresceu de Feliz a Mágica, de Mágica  a Plena e de Plena a um firmamento repleto de Estrelas que auspiciam um futuro lindo para este refúgio e sobretudo para quem se deixar tentar a ir conhecê-lo. O “firmamento estrelado” é mesmo literal pois havia um telescópio, no fim da noite para quem se quisesse deslumbrar com o céu do AlentejoJ

Como o céu de ontem, todos os presentes se abriram, ao longo destes dias, a desfrutar pessoalmente da Magia da nossa hospitalidade portuguesa. Eu sou suspeita, claro, porque o colo dos nossos amigos é sempre o melhor do mundo...
Mas entre as aulas de culinária divertidíssimas, os passeios de barco no Alqueva, a visita ao Bolota, museu temático de Portel, a ronha de um Domingo de manhã em frente à lareira, o som das crianças com espaço para correr e gritar sem se temer nenhum lunático que acelera nas curvas, nos momentos em que espreitei o Castelo de Portel, lá do alto, parecia-me ver os nossos régios antepassados cobiçarem a feliz e acolhedora tranquilidade deste refúgio e do abundante mundo que por ali vêm fervilhar...

A mim viram-me, seguramente muito Feliz...

Obrigada, Sofia Vieira, “mãe” do refúgio de todos nós.

Não tarda batem-te à porta novos amigos...

2 comentários:

  1. Minha querida, obrigada! Obrigada por seres quem és e como és! grandes lentes de aumentar tu tens! obrigada pela tua presença e pelo teu gesto tão bonito de uma acção de graças tão especial. Que Deus te abençoe com a graça dos bichinhos de conta, que pequenitos, têm uma agilidade que os protege dos maiores e mais feios gigantes; te abençoe com a força dos rebentos de mimosa que já perfumam o ar e dão colorido à paisagem para que teu perfume de Fada seja sempre mais forte e sobressaia em todos os cenários. E que o céu tenha muitas abertas para ti, para termos o privilégio de te ver brilhar!!!

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  2. Este belíssimo texto demonstra quão belo é o Verdadeiro e o Genuíno que enche as nossas vidas e deixa quentinhos os nossos corações: Amigos e um Refúgio de todos nós em Portel - no nosso Alentejo repleto de estrelas, sendo a sua "Mater", a Alma deste acolhedor Hotel Rural de grande qualidade.

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